domingo, 20 de setembro de 2009

Remela e Caviar

Meus versos não têm mister de hilário
Nem contam o amor em prosa
Trazem, sim, escondidas lágrimas
Trazem espinhos a toda rosa.

Meus versos não são ingênuos refrões
Silabadas, quadratins de beleza
Não passaram de ano com mérito
Não passarão de mundo-cão sem inquérito.

Nada além daquilo que o mendigo não reconheça
Nada mais do que o banqueiro não abasteça
É o hiper "versus" o hipo
Onde o silêncio desigual atua
É um nascido com a bunda pro chão
E o outro pra lua.

Meus versos são barrigas vazias
Lombrigas, enredos de carnaval
São desperdícios de narcisos e seus espelhos
São meninas embuchadas e abortadas prematuras
São pedintes malabaristas a cada sinal vermelho.

Há muita cola, dor e remela
Nas esquinas escuras
Há muito pó, champagne e pseudo-donzela
Nas coberturas.

Mas meus versos não alcançarão grande êxito
São vestígios de um fim de festa
Rompantes de poeta de meia-pataca
Meia-sola, mea-culpa
Curando sua ressaca.

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