quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

OFICINA

Crédito: http://fenix-under.blogspot.com/2008_12_01_archive.html
 

Esculpo sua imagem plástica
em relevo total

Não existe coifa, bosquejo ou croqui.
Muito menos ela percebe

Da mesma forma não lhe brindarei a composição
(como sempre interina)

Apesar disso há movimento!

Saliente-se a argila das ancas
Mãos e joelhos em tetrápode
As aréolas investem sobre montanhas

Minha mente cinzela estéril.

 

sábado, 18 de dezembro de 2010

PENSAMENTO

O pensamento tem
processo
molde
planos
ideia
vontade
asas
raízes
profundidade
dúvidas
ódio
imagem
consciência
essência
química
latência
planos
algoritmo
sobrenome
código
abstração
fugas
incoerência
aedo
o pensamento não tem soss(ego)

sábado, 20 de novembro de 2010

ENLEIO



ENLEIO

A casa, o covil. Local de abate. Os acadêmicos vivendo para o embate, para o recreio, para as tragadas. Dúvidas e dúvidas, soluções, soluções, conversas de almas, estradas, rezas, seminários, velórios, campanhas de vacinação, trilhos de trem, mandacaru, quermesses, ar viciado, aquários e refletores, vitrola inclinada, biséis, colchões, tilintar de vidros, transes e baforadas soltas pelas janelas, estendendo, rumo aos céus, o intervalo-tempo vertical da casa. Rosa, decotada, vestida de rosa, os pelos negros molhados, traz no sorriso a metáfora da grande sacerdotisa. Por todos os lados, adornando-lhe o corpo, mistérios, e tantos desejos contidos que quase parecem sonhos (ou tristonhos?...). Estendi o tapete vermelho sobre a lama da rua. Os acúleos afiados, no corpo do cactos, pareciam costado ao vento, encastoavam-se firmes em Rosa. No interior do quarto, num colchão sanhudo, a dinâmica de grupo da vida real. O sol de setembro não saiu por completo, alguma nesga de madrugada resta no quintal. Ainda consigo sentir o gosto de Rosa, menta-corola; olhos probos negros, como jamais vi, meio cordeiro meio raposa. Bilhas de hematita. (...) Feliz por qualquer motivo, presença constante, sonhada, as pernas vivas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EFEITO ROSA PELE

No quarto
o faro aguça
elegante nuca
de boa anca
e esmiúça à vontade:
puro quilate

Beijo no peito
(leito)
desejo satisfeito

Carne machuca
Rosa pele
argila quentura
escultura

sábado, 18 de setembro de 2010

Canção do Exílio Hodierno


Minha terra tem Mangueira
Onde canta o camburão
No tempo em que sabiá
Foi pra gaiola - au revoir !

Ficou nervoso o cidadão
Ficou tensa a autoridade
Nervos à flor da pele
Não é flor que se cheire...

Endolar papéis, à noite
mais rajadas vêm de lá
minha terra tem Mangueira
onde canta o camburão

Minha terra sem pudores
muito sangue pelo chão
endolar papéis, à noite
mais desterro encontro lá
minha terra tem Mangueira
onde canta o camburão

Permita-me, Deus, a vida
sem o esmo projetil de lá
sem que eu veja os horrores
dos coturnos que andam cá
Qu'inda pisam em folhas secas,
Caídas de uma mangueira...



sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ROSA


Não dá para te esquecer:
Abro o livro
Guimarães é rosa
Passeio pela "Vila"
Noel é rosa
Cartola percebeu que
...as rosas não falam
Drummond acreditava na
rosa do povo
Para Vinícius, a rosa
era de Hiroxima
rock, poesia e cor
na rosa de Saron.
Só eu não tenho a flor!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Cheiro da Noite


De grinalda branca
na calada da noite
a dama-da-noite exala

Caos Aéreo

Vento de agosto
a pipa sem plano de voo
colide no fio