sexta-feira, 12 de março de 2010

Cheiro da Noite


De grinalda branca
na calada da noite
a dama-da-noite exala

Caos Aéreo

Vento de agosto
a pipa sem plano de voo
colide no fio

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Hino dos Nove Meses

vi?
ih!

saí...
pipi...
siriri...
mimi...
guri...

Aqui?
xi!

GÊNESIS

No Princípio só havia...


CAOS


Agora tenho...


ASCO


Só me resta dizer que...


SACO!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poema Carne

o poema mora na folha
cheio de rimas ritmos métricas estrofes
vive como ermitão feito santo antão

carne poema

a carne constrói versos na noite
com o néon dos faróis
lançados nos olhos pelo ar
com verso livre solto de pé quebrado
tangendo pelo estribilho
com grifos ilações
gravados no couro

poema carne

o poema deseja entregar-se
o poema deseja quebrar todas
o poema deseja sair por aí
o poema deseja ficar tanto...
o poema tonto
o poema deseja
o poema diz:
- eu quero ser carne e osso!

carne poema

a carne conhece versos com cheiro
de sonho lua rua e povo
a carne fala mais quando se cala
a carne decifra o silêncio
a carne incomoda
a carne deseja falar do sonho
a carne sonha
a carne deseja
a carne fala:
- nasce poema!!!!

poemacarne carnepoema


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um Poema

um
poema
mendigo é um
poema sem abrigo é um
poema maldigo é um poema
pesado como penedo que é um poema
pétreo como pivete que é um poema ladrão

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poetrix (Conjunto)


Quem me Dera! (Poetrix) 
Passarinhos competem -
parece tão mais gostosa
a goiaba da vizinha.

Tulipa (Poetrix)
No meu chopp da tarde
que tão rápido esquentou
sinal que esse verão promete

Planta de Cheiro (Poetrix)
Jardim noturno -
bom amante regozija
Dama-da-Noite em flor.

Funeral
Silêncio eterno -
sobre o mármore da lápide
o frio das flores de plástico.

Jardim
Coroa de espinhos -
oscila no galho
o abacaxi maduro
 
Aeróbica (Poetrix)
Lua diurna
caminho um quarteirão a mais
novo circuito.

Camuflagem (Poetrix)  
O inconcluso muro -
no húmus ajuntado no canto
brota a amendoeira.
 
Cashemir (Poetrix)
Tardou a vir este ano,
mas de súbito, por todos os ossos -
Inverno!

Nordeste
Rebanho de ovelhas -
A alegria das chuvas
no corre-corre dos filhotes.

Maldita (Poetrix)
Às cinco da tarde
o cheiro de erva
atravessa o imaginário.

Sete em Ponto (Poetrix)
O sol pousou
na linha do horizonte derramada
um cálice de vinho.

Única (Poetrix)  
À luz da lua
a cor solitária
da flor de mandacaru.

Sol(da) Idade (Poetrix)
O sol nasce
sobre os coqueiros do passado -
Ah, meus vinte anos!
 
Cortesia (Poetrix)
O vento parou.
O dia num instante volta
a ser bom-dia.

Amor Zunido (Poetrix)
Cena de sexo explícito:
no encaixe do vôo,
duas moscas!

Greentrix (Poetrix)
Após a aguada das quatro -
o verde “vessie”
das folhas de mato.
 
Papo Furado (Poetrix)
Trocador de ônibus:
- Meu avô também, aos domingos,
me ensinava o Maracanã!

Som do Tempo (Poetrix)
Ruído de granizo
no cimentado da cisterna -
Que frio barulhento!

Lembranças Outras
Tardes em Rio das Ostras:
Jandaias e Tuins
voando assim-assim...

Visual (Poetrix)
À vista do mirante
saindo de trás do morro
a lua quarto - minguante.
 
Roe(dor) (Poetrix)
Até as ratazanas
vão ficando bacanas -
como a solidão é ingrata!
 
Ototrix (Poetrix)
Os bem-te-vis cantam
Somente pro meu lado direito...
Ah, trompa de Eustáquio!
 
No Espeto (Poetrix)
Também para ele
está chegando o dia do churrasco -
Caramba, boizinho!
 
Muito Pelo Contrário (Poetrix)
Crescem mais pêlos
nas minhas narinas -
coisas de solteiro.
  
Sungarina (Poetrix)
Manhã de sol -
com a sunga, visto
saudades de Marina
 
Pinga-pinga (Poetrix)
A chuva apertou
no silêncio dos pássaros,
Olha a goteira!
 
Racionamento (Poetrix)
As andorinhas
no banho de chuva:
está faltando água no ninho...

Apelo Infantil (Poetrix)
Carro imundo -
menino sabido, escreve:
"lave-me", no vidro.
  
Fotografia (Poetrix)
Quando sol e chuva -
entre as lacunas das nuvens
surge o arco-íris...

Estandarte de Ouro (Poetrix)
Até a velha mangueira
parece contente -
Viva a Estação Primeira!

Visão (Poetrix)
A lagoa da janela
começa a oeste do motel -
A noite de afogar o ganso.

Cipreste (Poetrix)
Sob o dia finado
o cemitério plantado de
falsa-árvore-da-vida.
 
Não Adianta Chorar (Poetrix)
No meio do pasto
com o leite cremoso
a vaca morta.

De Ponta-Cabeça (Poetrix)
Quando me canso de olhar
o céu, planto bananeiras
no chão.

Alarme Burlesco (Poetrix)
O portão bate -
Ao seu lado direito,
o passarinho de pilha chia.

Degradação (Poetrix)
Na praia, na orla -
até a água-viva
parece morta.
 
Bucólico (Poetrix)
Entre os berros do cabrito
e o vento do colonião
nasce a lua de algodão

Própolis (Poetrix)
Não há mais mel
e os zangões se ocupam
em agradar a rainha.

Décimo Terceiro (Poetrix)
Os grilos cantam
"Jingle Bell" -
gratificação de natal

Matemática do Campo (Poetrix)
Pasto rural -
a única geometria espacial
É a esfera do sol

Tempos que não Voltam Mais (Poetrix)
Alojamento de adolescentes -
e depois a saudade roxa
dos bacanais...
 
Parto (Poetrix)
Não sei bem se é minha
mas tenho que exclamar:
Caluda! Está nascendo a plantinha...

"V" (Poetrix)
Num olhar supremo
as gaivotas migrantes
são um triângulo escaleno.

Mal Sintoma (Poetrix)
No caminho da montanha
Surge, no fumante inveterado
o sentimento da asfixia.
 
Cultura
Entre as parabólicas
e os telhados todos idênticos
...cogumelos!
 
Região dos Lagos (Poetrix)
Estrada engarrafada -
os homens e as máquinas
lentos, em fila quíntupla.

Exorbitante (Poetrix)
No balcão: "Quanto custa?"
mas no caixa...
"Vai roubar pra ser preso!"
 
Alto Verão (Poetrix)
Mesmo torrada
permanece até o pôr-do-sol
o biquíni estampado

Bat-trix (Poetrix)
Ao clarão do dia -
fechado como um guarda-chuva
o morcego e seu ego.

Fora de Rota (Poetrix)
Estação abandonada
sufocada entre dormentes:
Aldeiota da minha namorada.
  
Costa Verde (Poetrix)
Águas todas roladas -
nas cachoeiras de Itacuruçá
como é bom estar lá!

Paradoxo (Poetrix)
Cento e setenta quilômetros
mais ou menos amostra
Rio das Ostras, sem ostras!

Muito Prazer! (Poetrix)
Pelo retrovisor da "pick-up":
pessoas conhecidas
que a minutos atrás nunca vi

Ex-faculdade (Poetrix)
Cidade Rural -
até o esterco pra pisar
no mesmo lugar 

Sonhar Não Custa Nada (Poetrix)
O frio congela.
De quando em vez
sonho a lareira

Encardido (Poetrix)
Não chove há dias:
no ar deslavado, os muros
parecem mais “gris”

Gratidão (Poetrix)
O mar azul e verde
e um chopp gelado,
como não dizer: Obrigado!

Yellowtrix (Poetrix)
Borboleta amarela. Entre
as flores de aguapé
brinca de amarelinha.
 
Velho Micreiro (Poetrix)
Quem não
Se conecta...
Se deflecta.