sábado, 19 de maio de 2012

EU QUERIA FAZER...


Eu queria fazer um poema rosa

não escrito, mas sentido...

quase uma oração

amar na intensidade dos amantes sem hora

sem profissão

sem conhecer partida nem despedida.



Eu queria fazer um poema

para descobrir um outro de mim

no meu corpo,

de novo em você

mas a rosa, além de rosa

roda rola roça rota frenética.



Eu queria fazer mais

além do prescrito

além da poética

qualquer minuto longe é demais

qualquer barco esquecido

se afasta do cais.



Eu... afinal, ora bolas!

Amo-te pelo aroma,

pelo enigma,

pela inspiração que me dás

ou pela aflição que me provocas?!

sábado, 5 de maio de 2012

BRENDA


Filha da filha, que sintas o sabor do vento

que seja no mês de março

que seja o que há de ser,

pretexto de poesia

não se distraia um só momento!

o dia é uma ampulheta

em cada esquina se esvai um pouco de areia,

seja o que você quiser.


Que teus sigilos sejam folguedos

que tuas buscas sejam estrelas

sabes? Há mar... longe dos protocolos,

junto das folhas dos outonos

tua dança traduzirá madrugadas.

 
Filha da filha, apronte o dia do dia que nunca termina...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

AMOR LINHA DE 500




Pactuei o fado de um amor linha de 500

com jeito de aparelho ouvido.

Dias indo...

nós no Corinto, no sarro das fronhas

calando a ausência na paixão.

Ser teu licor, ser teu bandido

já combinei:

tens um minuto pra aprender a me amar

e alguma liberdade pra dar emoção...

quarta-feira, 28 de março de 2012

PASSADO VIVO



Ontem mesmo,

olhei na cara do passado

e ainda era o dia de hoje.

Voltei... visitei o tempo

não dei sossego às lembranças,

e daí?

Encontrei tudo no seu devido lugar,

melhor,

no seu espaço/tempo.

Quem fui, continua a ser alguém que ainda

me lembro.



Retornei onde fui feliz

e aprendi:

hoje sou mais...

pelos amigos em estado de graça,

tão caros,

reconstrutores de momentos

a felicidade é uma raiz

uma não existência que existe,

...e eu olhei na cara do passado

ele escapou por um triz!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Talvez Mais Uma Vez

Chachoeira de Itimirim (Coroa Grande - RJ/78), extinta pela fúria da natureza nos anos 90.


É inútil querer dar
Uma atmosfera de cachoeira

A quem apenas crê

Nos vapores

De seu velho poço artesiano.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LÁGRIMA AZUL



Adeus, amor.

Dias e dias, dores e dores

Face manchada de azul

Na lágrima seca cintilante.



UTI, PCR, VAC, NORA...

Tantas siglas pra acabar

No ermo da gaveta,

Cuja única sigla é FIM.



Disse adeus sessenta vezes

Blasfemei sessenta deuses

Quis sabotar a ampulheta

Nada serviu.

Estado crítico, outro dia melhor

(acho que era eu quem queria)

Segunda-feira assim assim

Você partiu, doce serena,

cercada de amigos.

A lágrima azul ficou em mim.



Eu não sabia que te amava tanto

Eu só sabia onde passava o vento

Que ondeava os teus cabelos

E hoje adeja o teu cimento.


Adeus, amor.

Essa lacuna

É quase dia

Eu não sabia que doía assim

Mesmo dito em poesia...

sábado, 23 de julho de 2011

ASPIRAÇÕES


Eu quero os âmbitos, os

horizontes despovoados

lugares que permitem meu coração

à utopia atender,



quero o anoitecer

sedutor da ponte inconclusa

onde demora e se esfalfa

a minha maneira de ser.



Eu quero distante, o devoluto,

os locais esquecidos

e o sentimento ermo e

pretérito do caber,



por ora restam prédios, prédios

circunvizinhos,

e vagas a se locupletarem

e se obscurecerem.



Quero a completude

acérrima dos silêncios

das pausas, quero as paixões,

porquanto me causam

espantos de mocidade

bem como os aromas.



Quero-te (e quanto mais tempo,

meu paladar se afina)

posto que me entorpeço contigo

qual numa artemísia

haja que em ti sinto o

mesmo viço de menina.