sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LÁGRIMA AZUL



Adeus, amor.

Dias e dias, dores e dores

Face manchada de azul

Na lágrima seca cintilante.



UTI, PCR, VAC, NORA...

Tantas siglas pra acabar

No ermo da gaveta,

Cuja única sigla é FIM.



Disse adeus sessenta vezes

Blasfemei sessenta deuses

Quis sabotar a ampulheta

Nada serviu.

Estado crítico, outro dia melhor

(acho que era eu quem queria)

Segunda-feira assim assim

Você partiu, doce serena,

cercada de amigos.

A lágrima azul ficou em mim.



Eu não sabia que te amava tanto

Eu só sabia onde passava o vento

Que ondeava os teus cabelos

E hoje adeja o teu cimento.


Adeus, amor.

Essa lacuna

É quase dia

Eu não sabia que doía assim

Mesmo dito em poesia...

Um comentário:

  1. Lindíssimas palavras, Luiz!

    Bem escolhidas e bem colocadas, expressando com carinho o amor a uma mulher que, em torno de si, pôde ter tantos significados: colega, amiga, mãe, esposa, filha...e o mais impressionante, que em todas soube exercer mais que o necessário de maneiras maravilhosas, sem se sobrecarregar com tantas designações.

    Para nenhum dos citados títulos há certificado, ao menos, nenhum dos que costumam enfeitar nossas paredes. Afinal, para uma mulher que para muitos representou tantos e tão bons sentidos, o que haveria de reciprocidade de nós para com ela, jamais caberia numa folha de papel. Assim, só poderia ser feita da maneira como foi: na sua eternização em nossas memórias e corações!

    Grande abraço!
    Ainda que sem a mesma graça...mas a vida continua!

    Allan.

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