quarta-feira, 28 de março de 2012

PASSADO VIVO



Ontem mesmo,

olhei na cara do passado

e ainda era o dia de hoje.

Voltei... visitei o tempo

não dei sossego às lembranças,

e daí?

Encontrei tudo no seu devido lugar,

melhor,

no seu espaço/tempo.

Quem fui, continua a ser alguém que ainda

me lembro.



Retornei onde fui feliz

e aprendi:

hoje sou mais...

pelos amigos em estado de graça,

tão caros,

reconstrutores de momentos

a felicidade é uma raiz

uma não existência que existe,

...e eu olhei na cara do passado

ele escapou por um triz!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Talvez Mais Uma Vez

Chachoeira de Itimirim (Coroa Grande - RJ/78), extinta pela fúria da natureza nos anos 90.


É inútil querer dar
Uma atmosfera de cachoeira

A quem apenas crê

Nos vapores

De seu velho poço artesiano.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LÁGRIMA AZUL



Adeus, amor.

Dias e dias, dores e dores

Face manchada de azul

Na lágrima seca cintilante.



UTI, PCR, VAC, NORA...

Tantas siglas pra acabar

No ermo da gaveta,

Cuja única sigla é FIM.



Disse adeus sessenta vezes

Blasfemei sessenta deuses

Quis sabotar a ampulheta

Nada serviu.

Estado crítico, outro dia melhor

(acho que era eu quem queria)

Segunda-feira assim assim

Você partiu, doce serena,

cercada de amigos.

A lágrima azul ficou em mim.



Eu não sabia que te amava tanto

Eu só sabia onde passava o vento

Que ondeava os teus cabelos

E hoje adeja o teu cimento.


Adeus, amor.

Essa lacuna

É quase dia

Eu não sabia que doía assim

Mesmo dito em poesia...

sábado, 23 de julho de 2011

ASPIRAÇÕES


Eu quero os âmbitos, os

horizontes despovoados

lugares que permitem meu coração

à utopia atender,



quero o anoitecer

sedutor da ponte inconclusa

onde demora e se esfalfa

a minha maneira de ser.



Eu quero distante, o devoluto,

os locais esquecidos

e o sentimento ermo e

pretérito do caber,



por ora restam prédios, prédios

circunvizinhos,

e vagas a se locupletarem

e se obscurecerem.



Quero a completude

acérrima dos silêncios

das pausas, quero as paixões,

porquanto me causam

espantos de mocidade

bem como os aromas.



Quero-te (e quanto mais tempo,

meu paladar se afina)

posto que me entorpeço contigo

qual numa artemísia

haja que em ti sinto o

mesmo viço de menina.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia das Mães - Homenagem


Obrigado!
Ácido Acetil Salicílico
Paracetamol
Ibuprofeno
Dipirona...

Se minha mãe
estivesse com enxaqueca
naquele dia...
Eu não estaria aqui.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

QUITES

Fulano!
ô! alô! psit! é o Lutano...
Não assisti teu funeral
da mesma forma, ops!
tu não assistirás ao meu.
Estamos zero a zero -
Tchau!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Qualquer Versinho


  - Fale-me acerca do coração -
diz o leitor,
como se esse tema
fosse singelo.

Do coração? - Me divirto
à larga. Logo
o leitor teima:
- Discorra sobre o coração -
sem perceber, inocente,
que este assunto
é martelo.

Dissecar o coração? - Retruco:
Qual a tua intenção? Acho
deseja me fazer andar
no arame do trapézio
sem rede em baixo!

- Não faz jogo duro... - Persevera imediato.
- Qualquer versinho.
Como se ao coração coubesse
- qualquer versinho -
feito em folha de mamão-macho.

Escreva bonito, escreva feio,
um poeminha "n'importe quoi"
- o leitor insiste, como se desconhecesse
que as coisas do coração
não vêm embrulhadas com um laço no meio.

O sujeito interrogando
eu contradizendo
posto nas searas do coração
e da poesia
qualquer verão mal avisado
é veraneio.