sábado, 23 de julho de 2011

ASPIRAÇÕES


Eu quero os âmbitos, os

horizontes despovoados

lugares que permitem meu coração

à utopia atender,



quero o anoitecer

sedutor da ponte inconclusa

onde demora e se esfalfa

a minha maneira de ser.



Eu quero distante, o devoluto,

os locais esquecidos

e o sentimento ermo e

pretérito do caber,



por ora restam prédios, prédios

circunvizinhos,

e vagas a se locupletarem

e se obscurecerem.



Quero a completude

acérrima dos silêncios

das pausas, quero as paixões,

porquanto me causam

espantos de mocidade

bem como os aromas.



Quero-te (e quanto mais tempo,

meu paladar se afina)

posto que me entorpeço contigo

qual numa artemísia

haja que em ti sinto o

mesmo viço de menina.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia das Mães - Homenagem


Obrigado!
Ácido Acetil Salicílico
Paracetamol
Ibuprofeno
Dipirona...

Se minha mãe
estivesse com enxaqueca
naquele dia...
Eu não estaria aqui.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

QUITES

Fulano!
ô! alô! psit! é o Lutano...
Não assisti teu funeral
da mesma forma, ops!
tu não assistirás ao meu.
Estamos zero a zero -
Tchau!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Qualquer Versinho


  - Fale-me acerca do coração -
diz o leitor,
como se esse tema
fosse singelo.

Do coração? - Me divirto
à larga. Logo
o leitor teima:
- Discorra sobre o coração -
sem perceber, inocente,
que este assunto
é martelo.

Dissecar o coração? - Retruco:
Qual a tua intenção? Acho
deseja me fazer andar
no arame do trapézio
sem rede em baixo!

- Não faz jogo duro... - Persevera imediato.
- Qualquer versinho.
Como se ao coração coubesse
- qualquer versinho -
feito em folha de mamão-macho.

Escreva bonito, escreva feio,
um poeminha "n'importe quoi"
- o leitor insiste, como se desconhecesse
que as coisas do coração
não vêm embrulhadas com um laço no meio.

O sujeito interrogando
eu contradizendo
posto nas searas do coração
e da poesia
qualquer verão mal avisado
é veraneio.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Foutro e Feu

créditos: http://br.olhares.com/sol_poente_foto1734350.html


Tem um outro alguém morando em mim
Que é exatamente o meu avesso:
Trabalho todos os dias, o outro é à toa
Tenho meus limites, o outro é espaçoso
Trato bem o amor, o outro engana bem
Não perturbo ninguém, o outro é um saco
Sou interessante, o outro é babaca
Bebo socialmente, o outro é alcoólatra
Só faço sexo seguro, o outro não se segura
Sou poeta, ele poente
Aquele que me faz irado e descontente
Sempre foutro, nunca feu.


OBS: Essa poesia foi musicada pela “BANDA MANOA”
Canção disponível em: http://palcomp3.com/manoa/
 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Léxico da Cachaça


 
“Cachorro que morde o dono
Mulher que erra uma vez
Homem que toma cachaça
Não há remédio pros três”

Verbete: Cachaça

ABRE, ABRIDEIRA, ACA, AÇO, A-DO-Ó, ÁGUA-BENTA, ÁGUA-BRUTA, ÁGUA-DE-BRIGA, ÁGUA-DE-CANA, ÁGUA-QUE-PASSARINHO-NÃO-BEBE, AGUARDENTE, AGUARRÁS, ALPISTA, ANINHA, ARREBENTA-PEITO, ASSOVIO-DE-COBRA, AZULADINHA, BAGACEIRA, BARONESA, BICHA, BICO, BIRITA, BOA, BORESCA, BRANCA, BRANQUINHA, BRASA, BRASILEIRA, CAIANA, CALIBRINA, CAMBRAIA, CANA, CÂNDIDA, CANGUARA, CANHA, CANINHA, CANJEBRINA, CANJICA, CAPOTE-DE-POBRE, CATUTA, CAXARAMBA, CAXIRI, COBREIRA, COTRÉIA, CUMBE, CUMULAIA, DANADA, DELAS-FRIAS, DENGOSA,  DESMANCHA-SAMBA, DINDINHA, DONA-BRANCA, ELA, ELIXIR,  ENGASGA-GATO, ESPÍRITO, ESQUENTA-POR-DENTRO, FILHA-DO-SENHOR-DE-ENGENHO, FRUTA, GÁS, GIRGOLINA, GORÓ, GRAMÁTICA, GUAMPA, HOMEOPATIA, IMACULADA, JÁ-COMEÇA, JANUÁRIA, JERIBITA, JINJIBIRRA, JUNÇA, JURA, LEGUME, LIMPA, LINDINHA-LISA, MACANGANA, MALUNGA, MALVADA, MAMÃE-DE-ALUANA, MAMÃE-SACODE, MANDRUREBA, MARAFO, MARIA-BRANCA, MATA-BICHO, MEU-CONSOLO, MISCORETE, MOÇA-BRANCA, MORRÃO,  NÃO-SEI-QUÊ, ÓLEO, OROTANJE, OTIM, PANETE, PARATI, PATRÍCIA, PERIGOSA, PEVIDE, PILÓIA, PINGA, PIRITIBA, PREGO, PORONGO, PURA, PURINHA, QUEBRA-GOELA, QUEBRA-MUNHECA, RAMA, REMÉDIO, RESTILO, RETRÓS, ROXO-FORTE, SAMBA, SETE-VIRTUDES, SINHANINHA, SINHAZINHA, SÍPIA, SIÚBA, SUOR-DE-ALAMBIQUE, SUPUPARA, TAFIÁ, TEIMOSA, TEREBINTINA, TIRA-TEIMA, TIÚBA, TOME-JUSTO, TRÊS-MARTELOS, UCA, VENENO, XINAPRE, ZUNINGA. 

Cachaça, Patrimônio Público Brasileiro
Deve ser tomada...tombada...ih!...
tombei.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Natênus

Era a jovem preciosa.

Com sua anágua sua sodomia
Seu mau crepúsculo, seus diabos
Seu passo insolente, seu cabelo negro
Alcatra redonda tão afogueada
Sua ostentação seu pedido de socorro
Mais seus olhos urgentes.