Em um vilarejo bem distante, havia um horto misterioso,
cuja entrada só era permitida a poucos...
Esse local tinha um codinome: “coração”.
Naquele lugar, vivia uma flor sui
generis, uma rosa lavanda,
a qual evolava amor ou encantamento no primeiro olhar.
Um jovem de cabelos longos logo percebeu sua peculiaridade
e no silêncio da noite, ardilosamente adentrou o vergel.
Ele desejava que a flor decorasse seu vaso solitário barato
Desconhecia que a rosa lavanda não servia de ornato.
Ele a removeu de sua terra viva e saiu correndo
A flor melancólica aos bocados ensimesmou-se
Aquela flor miúda que cintilava de todos os ângulos
doravante fez-se um botão descaído, corola em pêndulo.
Seus estames e pistilos combalidos não mais adornavam o solitário do
rapaz
Por isso ele descuidou da flor e a alvejou na linha do trem.
A rosa miúda outrora formosa e inebriante
Daí em diante virou utopia, alvitre de uma outra época, tempo em que foi
amada.
O jovem nunca mais roubaria de outro parque outra flor
Aquela rosa não podia ser extraída, carecia ser plantada, pois ela
tinha nome: “amor”.
Sobre as sépalas mortas da planta já danificada, o homem chorou...
Seu pranto e algumas sementes do perianto no solo germinaram nova
flor.
E do abandono que feriu, maltratou e virou húmus
surgiu uma pujante roseira, rica de
animus
paixão agora regada com paixão
E o homem descobriu que apenas dessa forma o amor prospera
E o homem descobriu que apenas dessa forma o amor é primavera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário