Elipse = omissão identificada pelo contexto [O
amor talvez fosse sereno, (se) não houvesse tantas arestas]
Zeugma = omissão de termo já mencionado [Ela
pensava em alianças, eu, (pensava) em poesia].
Anáfora = repetição de palavras no começo (A
mulher do batom cheiroso viola todo cacau nos lábios / A mulher do batom cheiroso lambuza o próprio beiço de vexame/ A
mulher do batom cheiroso quebra o salto no asfalto...).
Assíndeto = ausência de “e, nem, ou..” (Meu
amor é um ciclone... vem, valsa, vibra, viola, vai-se embora).
Polissíndeto = repetição dos conectivos entre palavras
ou orações (Debruça, e engatinha, e anda, e corre, e voa).
Sinestesia = cruzamento de sentidos (visão,
audição, tato, paladar, olfato) [Se acaso um arco-íris / ou o verde da manhã /
emitissem som numa simples olhadela, / esse seria o tom maior do sorriso dela].
Antítese = oposição de palavras que já são de
sentidos opostos (Eu sonhei um “amor tempo integral” e acordei com um “de vez
em quando”).
Paradoxo = contrassenso, união de ideias
contraditórias (Sou um homem maduro / Que às vezes brinca de gude / um menino
picha muro / Que às vezes usa gravata / um homem que se aplaude... / Um menino
que se ilude.
Oximoro = expressão sintética de um paradoxo intelectual.
É um recurso específico do domínio literário. (silêncio eloquente, mentiras
sinceras, clichês inéditos, lúcida loucura, Rosa, meio cordeiro meio
raposa). Já o paradoxo
pode ser usado nos mais diversos contextos para designar qualquer situação
bizarra, estranha, contrária ao
senso comum.
Hipérbole = exagero, ênfase expressiva (Se a
água não te molha / é porque não vês / as lágrimas onde me afogo.)
Pleonasmo = redundância (... e chorar meu
choro, e sorrir meu riso...)
Catacrese = nomear algo que não possui nome
específico (cabeça de alfinete, maças do rosto, braço do sofá)
Hipérbato = inversão na ordem natural das
palavras de uma oração (ninguém sou nenhum tenho / existo escritor / deveras
pouco mínimo / acaso / que os outros)
Personificação (ou Prosopopeia) = humanizar objetos e coisas
abstratas (O vento a flertar com o bambu / que deita na areia / e rincham-se os
caules em orgasmo)
Metonímia = transnominação, empregar um termo
no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido
(Gosto de ler Lutano; Meus lábios precisam dos teus)
Ironia = veicula significado contrário da
interpretação literal do enunciado; zombaria (Chove lá fora: era o que faltava
para encerrar o meu dia maravilhosamente bem).
Eufemismo = suavizar, amenizar ideias [Alguém
morreu (descansou, passou desta para melhor)]
Onomatopeia = reprodução de sons (Débil, débil,
muito débil / Um "ran-ran" martelizante ondeia)
Gradação = sequência de ideias (... e não me
venhas com esse olhar de vira-lata / eu vim de moto até aqui: / passei
pela portaria sem porteiro / subi sete lances de escada / prá te falar que
tô dando linha na pipa).
Símile = comparação de dois termos distintos
(A ave entoa, adeja, anela / E o poema / Na folha branca como um ultraje
uiva).
Aliteração = repetição de sons de consoantes
iguais ou semelhantes (mas a rosa, além de rosa, roda rola roça rota frenética)
Assonância = repetição de sons de vogais,
especialmente nas sílabas tônicas (Em nome da rima / Lutano / fez esforço
sobre-humano / por um amor leviano)
Paronomásia (ou Trocadilho) = utilização de palavras parônimas
(não confunda espinafre de caçarolinha com espingarda de caçar rolinha).
Apóstrofe = evocação (Frederico, o tempo andou
desenhando teu rosto com uma navalha afiada).