Andei pensando...
já passei (e muito) da metade
que terei para viver.
Meu passado é bem maior
que meu futuro.
Percebo-me como aquele garoto
agraciado com uma sacola de pitangas.
Depressa, sorveu as primeiras desleixadamente,
ao notar que poucas restaram,
passou a roer as sementes...
Não há mais espaço para indecisões.
Percebo os dissimulados
procurando aliciar quem,
na verdade, gostariam de ter.
Aspiram ao meu engenho...
Não há mais hora para os amores de plástico
Eles não trazem teores, apenas aparências
Meu dia ficou frugal para as aparências.
Desejo o âmago, a origem
meu coração tem urgência...
Sem muitas pitangas na sacola
busco um amor de gente humana,
assaz humana
que tem consciência de sua mortalidade.