Adeus, amor.
Dias e dias, dores e dores
Face manchada de azul
Na lágrima seca cintilante.
UTI, PCR, VAC, NORA...
Tantas siglas pra acabar
No ermo da gaveta,
Cuja única sigla é FIM.
Disse adeus sessenta vezes
Blasfemei sessenta deuses
Quis sabotar a ampulheta
Nada serviu.
Estado crítico, outro dia melhor
(acho que era eu quem queria)
Segunda-feira assim assim
Você partiu, doce serena,
cercada de amigos.
A lágrima azul ficou em mim.
Eu não sabia que te amava tanto
Eu só sabia onde passava o vento
Que ondeava os teus cabelos
E hoje adeja o teu cimento.
Adeus, amor.
Essa lacuna
É quase dia
Eu não sabia que doía assim
Mesmo dito em poesia...