quarta-feira, 27 de abril de 2011

QUITES

Fulano!
ô! alô! psit! é o Lutano...
Não assisti teu funeral
da mesma forma, ops!
tu não assistirás ao meu.
Estamos zero a zero -
Tchau!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Qualquer Versinho


  - Fale-me acerca do coração -
diz o leitor,
como se esse tema
fosse singelo.

Do coração? - Me divirto
à larga. Logo
o leitor teima:
- Discorra sobre o coração -
sem perceber, inocente,
que este assunto
é martelo.

Dissecar o coração? - Retruco:
Qual a tua intenção? Acho
deseja me fazer andar
no arame do trapézio
sem rede em baixo!

- Não faz jogo duro... - Persevera imediato.
- Qualquer versinho.
Como se ao coração coubesse
- qualquer versinho -
feito em folha de mamão-macho.

Escreva bonito, escreva feio,
um poeminha "n'importe quoi"
- o leitor insiste, como se desconhecesse
que as coisas do coração
não vêm embrulhadas com um laço no meio.

O sujeito interrogando
eu contradizendo
posto nas searas do coração
e da poesia
qualquer verão mal avisado
é veraneio.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Foutro e Feu

créditos: http://br.olhares.com/sol_poente_foto1734350.html


Tem um outro alguém morando em mim
Que é exatamente o meu avesso:
Trabalho todos os dias, o outro é à toa
Tenho meus limites, o outro é espaçoso
Trato bem o amor, o outro engana bem
Não perturbo ninguém, o outro é um saco
Sou interessante, o outro é babaca
Bebo socialmente, o outro é alcoólatra
Só faço sexo seguro, o outro não se segura
Sou poeta, ele poente
Aquele que me faz irado e descontente
Sempre foutro, nunca feu.


OBS: Essa poesia foi musicada pela “BANDA MANOA”
Canção disponível em: http://palcomp3.com/manoa/
 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Léxico da Cachaça


 
“Cachorro que morde o dono
Mulher que erra uma vez
Homem que toma cachaça
Não há remédio pros três”

Verbete: Cachaça

ABRE, ABRIDEIRA, ACA, AÇO, A-DO-Ó, ÁGUA-BENTA, ÁGUA-BRUTA, ÁGUA-DE-BRIGA, ÁGUA-DE-CANA, ÁGUA-QUE-PASSARINHO-NÃO-BEBE, AGUARDENTE, AGUARRÁS, ALPISTA, ANINHA, ARREBENTA-PEITO, ASSOVIO-DE-COBRA, AZULADINHA, BAGACEIRA, BARONESA, BICHA, BICO, BIRITA, BOA, BORESCA, BRANCA, BRANQUINHA, BRASA, BRASILEIRA, CAIANA, CALIBRINA, CAMBRAIA, CANA, CÂNDIDA, CANGUARA, CANHA, CANINHA, CANJEBRINA, CANJICA, CAPOTE-DE-POBRE, CATUTA, CAXARAMBA, CAXIRI, COBREIRA, COTRÉIA, CUMBE, CUMULAIA, DANADA, DELAS-FRIAS, DENGOSA,  DESMANCHA-SAMBA, DINDINHA, DONA-BRANCA, ELA, ELIXIR,  ENGASGA-GATO, ESPÍRITO, ESQUENTA-POR-DENTRO, FILHA-DO-SENHOR-DE-ENGENHO, FRUTA, GÁS, GIRGOLINA, GORÓ, GRAMÁTICA, GUAMPA, HOMEOPATIA, IMACULADA, JÁ-COMEÇA, JANUÁRIA, JERIBITA, JINJIBIRRA, JUNÇA, JURA, LEGUME, LIMPA, LINDINHA-LISA, MACANGANA, MALUNGA, MALVADA, MAMÃE-DE-ALUANA, MAMÃE-SACODE, MANDRUREBA, MARAFO, MARIA-BRANCA, MATA-BICHO, MEU-CONSOLO, MISCORETE, MOÇA-BRANCA, MORRÃO,  NÃO-SEI-QUÊ, ÓLEO, OROTANJE, OTIM, PANETE, PARATI, PATRÍCIA, PERIGOSA, PEVIDE, PILÓIA, PINGA, PIRITIBA, PREGO, PORONGO, PURA, PURINHA, QUEBRA-GOELA, QUEBRA-MUNHECA, RAMA, REMÉDIO, RESTILO, RETRÓS, ROXO-FORTE, SAMBA, SETE-VIRTUDES, SINHANINHA, SINHAZINHA, SÍPIA, SIÚBA, SUOR-DE-ALAMBIQUE, SUPUPARA, TAFIÁ, TEIMOSA, TEREBINTINA, TIRA-TEIMA, TIÚBA, TOME-JUSTO, TRÊS-MARTELOS, UCA, VENENO, XINAPRE, ZUNINGA. 

Cachaça, Patrimônio Público Brasileiro
Deve ser tomada...tombada...ih!...
tombei.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Natênus

Era a jovem preciosa.

Com sua anágua sua sodomia
Seu mau crepúsculo, seus diabos
Seu passo insolente, seu cabelo negro
Alcatra redonda tão afogueada
Sua ostentação seu pedido de socorro
Mais seus olhos urgentes.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Manhã Manchada de Domingo

Colado ao bom ímã
da cadeira
como um cicio
te ouvi
Colada ao meu lado
como goma de mascar.

Foi como uma manhã
manchada de domingo
eu e teu corpo
na união das notas
um sustenido alegre
entre dó e ré
-Pois é!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Nunca Se Está Só


Há fungos nas minhas unhas
Traças nos livros da estante
Corpos estranhos no meu plasma
Bactérias por todo ambiente
E a lembrança tua viva
Na minha mente.