Permita que
se vá
o que não é
mais teu,
consinta na
partida do que não tem mais volta
deixa
expirar o que a vida não mais respira
olha para o céu e para a terra
que o
verossímil da vida te vigia
retorna
célere à tua jornada
o antanho é
pretérito, é inútil
o amanhã é o
porvir, uma página ainda não lida,
mas o
presente é a prenda que te apresenta o varejo da vida.
Desabafa aos
meus ouvidos
se me entenderes
por querido,
pranteia ao teu
pai eterno a tua incompreensão,
lacera esse
manto de martírio que te sombreou
há muito
para aprender nesse mistério
nesse pesar que
silencia o som das estrelas
temporariamente,
impedindo que observes
a sempiterna
dádiva do tempo
o vital e o
mortal em segredo
na
bem-aventurada saudade que nos permite continuar sem medo.
É factível
nos conformar nesse momento.
Mesmo quando
Deus aperfeiçoa seu último retoque em quem mais amamos,
só a saudade
perpetua a essência de quem se foi, como
alento.
Com o passar
dos dias, essa dor suaviza
e adquire a
forma serena de aguardar,
pelo que
ainda nos falta,
um dia
tornar encontrar.