sábado, 20 de novembro de 2010

ENLEIO



ENLEIO

A casa, o covil. Local de abate. Os acadêmicos vivendo para o embate, para o recreio, para as tragadas. Dúvidas e dúvidas, soluções, soluções, conversas de almas, estradas, rezas, seminários, velórios, campanhas de vacinação, trilhos de trem, mandacaru, quermesses, ar viciado, aquários e refletores, vitrola inclinada, biséis, colchões, tilintar de vidros, transes e baforadas soltas pelas janelas, estendendo, rumo aos céus, o intervalo-tempo vertical da casa. Rosa, decotada, vestida de rosa, os pelos negros molhados, traz no sorriso a metáfora da grande sacerdotisa. Por todos os lados, adornando-lhe o corpo, mistérios, e tantos desejos contidos que quase parecem sonhos (ou tristonhos?...). Estendi o tapete vermelho sobre a lama da rua. Os acúleos afiados, no corpo do cactos, pareciam costado ao vento, encastoavam-se firmes em Rosa. No interior do quarto, num colchão sanhudo, a dinâmica de grupo da vida real. O sol de setembro não saiu por completo, alguma nesga de madrugada resta no quintal. Ainda consigo sentir o gosto de Rosa, menta-corola; olhos probos negros, como jamais vi, meio cordeiro meio raposa. Bilhas de hematita. (...) Feliz por qualquer motivo, presença constante, sonhada, as pernas vivas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EFEITO ROSA PELE

No quarto
o faro aguça
elegante nuca
de boa anca
e esmiúça à vontade:
puro quilate

Beijo no peito
(leito)
desejo satisfeito

Carne machuca
Rosa pele
argila quentura
escultura