quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Hino dos Nove Meses

vi?
ih!

saí...
pipi...
siriri...
mimi...
guri...

Aqui?
xi!

GÊNESIS

No Princípio só havia...


CAOS


Agora tenho...


ASCO


Só me resta dizer que...


SACO!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poema Carne

o poema mora na folha
cheio de rimas ritmos métricas estrofes
vive como ermitão feito santo antão

carne poema

a carne constrói versos na noite
com o néon dos faróis
lançados nos olhos pelo ar
com verso livre solto de pé quebrado
tangendo pelo estribilho
com grifos ilações
gravados no couro

poema carne

o poema deseja entregar-se
o poema deseja quebrar todas
o poema deseja sair por aí
o poema deseja ficar tanto...
o poema tonto
o poema deseja
o poema diz:
- eu quero ser carne e osso!

carne poema

a carne conhece versos com cheiro
de sonho lua rua e povo
a carne fala mais quando se cala
a carne decifra o silêncio
a carne incomoda
a carne deseja falar do sonho
a carne sonha
a carne deseja
a carne fala:
- nasce poema!!!!

poemacarne carnepoema


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um Poema

um
poema
mendigo é um
poema sem abrigo é um
poema maldigo é um poema
pesado como penedo que é um poema
pétreo como pivete que é um poema ladrão

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poetrix (Conjunto)


Quem me Dera! (Poetrix) 
Passarinhos competem -
parece tão mais gostosa
a goiaba da vizinha.

Tulipa (Poetrix)
No meu chopp da tarde
que tão rápido esquentou
sinal que esse verão promete

Planta de Cheiro (Poetrix)
Jardim noturno -
bom amante regozija
Dama-da-Noite em flor.

Funeral
Silêncio eterno -
sobre o mármore da lápide
o frio das flores de plástico.

Jardim
Coroa de espinhos -
oscila no galho
o abacaxi maduro
 
Aeróbica (Poetrix)
Lua diurna
caminho um quarteirão a mais
novo circuito.

Camuflagem (Poetrix)  
O inconcluso muro -
no húmus ajuntado no canto
brota a amendoeira.
 
Cashemir (Poetrix)
Tardou a vir este ano,
mas de súbito, por todos os ossos -
Inverno!

Nordeste
Rebanho de ovelhas -
A alegria das chuvas
no corre-corre dos filhotes.

Maldita (Poetrix)
Às cinco da tarde
o cheiro de erva
atravessa o imaginário.

Sete em Ponto (Poetrix)
O sol pousou
na linha do horizonte derramada
um cálice de vinho.

Única (Poetrix)  
À luz da lua
a cor solitária
da flor de mandacaru.

Sol(da) Idade (Poetrix)
O sol nasce
sobre os coqueiros do passado -
Ah, meus vinte anos!
 
Cortesia (Poetrix)
O vento parou.
O dia num instante volta
a ser bom-dia.

Amor Zunido (Poetrix)
Cena de sexo explícito:
no encaixe do vôo,
duas moscas!

Greentrix (Poetrix)
Após a aguada das quatro -
o verde “vessie”
das folhas de mato.
 
Papo Furado (Poetrix)
Trocador de ônibus:
- Meu avô também, aos domingos,
me ensinava o Maracanã!

Som do Tempo (Poetrix)
Ruído de granizo
no cimentado da cisterna -
Que frio barulhento!

Lembranças Outras
Tardes em Rio das Ostras:
Jandaias e Tuins
voando assim-assim...

Visual (Poetrix)
À vista do mirante
saindo de trás do morro
a lua quarto - minguante.
 
Roe(dor) (Poetrix)
Até as ratazanas
vão ficando bacanas -
como a solidão é ingrata!
 
Ototrix (Poetrix)
Os bem-te-vis cantam
Somente pro meu lado direito...
Ah, trompa de Eustáquio!
 
No Espeto (Poetrix)
Também para ele
está chegando o dia do churrasco -
Caramba, boizinho!
 
Muito Pelo Contrário (Poetrix)
Crescem mais pêlos
nas minhas narinas -
coisas de solteiro.
  
Sungarina (Poetrix)
Manhã de sol -
com a sunga, visto
saudades de Marina
 
Pinga-pinga (Poetrix)
A chuva apertou
no silêncio dos pássaros,
Olha a goteira!
 
Racionamento (Poetrix)
As andorinhas
no banho de chuva:
está faltando água no ninho...

Apelo Infantil (Poetrix)
Carro imundo -
menino sabido, escreve:
"lave-me", no vidro.
  
Fotografia (Poetrix)
Quando sol e chuva -
entre as lacunas das nuvens
surge o arco-íris...

Estandarte de Ouro (Poetrix)
Até a velha mangueira
parece contente -
Viva a Estação Primeira!

Visão (Poetrix)
A lagoa da janela
começa a oeste do motel -
A noite de afogar o ganso.

Cipreste (Poetrix)
Sob o dia finado
o cemitério plantado de
falsa-árvore-da-vida.
 
Não Adianta Chorar (Poetrix)
No meio do pasto
com o leite cremoso
a vaca morta.

De Ponta-Cabeça (Poetrix)
Quando me canso de olhar
o céu, planto bananeiras
no chão.

Alarme Burlesco (Poetrix)
O portão bate -
Ao seu lado direito,
o passarinho de pilha chia.

Degradação (Poetrix)
Na praia, na orla -
até a água-viva
parece morta.
 
Bucólico (Poetrix)
Entre os berros do cabrito
e o vento do colonião
nasce a lua de algodão

Própolis (Poetrix)
Não há mais mel
e os zangões se ocupam
em agradar a rainha.

Décimo Terceiro (Poetrix)
Os grilos cantam
"Jingle Bell" -
gratificação de natal

Matemática do Campo (Poetrix)
Pasto rural -
a única geometria espacial
É a esfera do sol

Tempos que não Voltam Mais (Poetrix)
Alojamento de adolescentes -
e depois a saudade roxa
dos bacanais...
 
Parto (Poetrix)
Não sei bem se é minha
mas tenho que exclamar:
Caluda! Está nascendo a plantinha...

"V" (Poetrix)
Num olhar supremo
as gaivotas migrantes
são um triângulo escaleno.

Mal Sintoma (Poetrix)
No caminho da montanha
Surge, no fumante inveterado
o sentimento da asfixia.
 
Cultura
Entre as parabólicas
e os telhados todos idênticos
...cogumelos!
 
Região dos Lagos (Poetrix)
Estrada engarrafada -
os homens e as máquinas
lentos, em fila quíntupla.

Exorbitante (Poetrix)
No balcão: "Quanto custa?"
mas no caixa...
"Vai roubar pra ser preso!"
 
Alto Verão (Poetrix)
Mesmo torrada
permanece até o pôr-do-sol
o biquíni estampado

Bat-trix (Poetrix)
Ao clarão do dia -
fechado como um guarda-chuva
o morcego e seu ego.

Fora de Rota (Poetrix)
Estação abandonada
sufocada entre dormentes:
Aldeiota da minha namorada.
  
Costa Verde (Poetrix)
Águas todas roladas -
nas cachoeiras de Itacuruçá
como é bom estar lá!

Paradoxo (Poetrix)
Cento e setenta quilômetros
mais ou menos amostra
Rio das Ostras, sem ostras!

Muito Prazer! (Poetrix)
Pelo retrovisor da "pick-up":
pessoas conhecidas
que a minutos atrás nunca vi

Ex-faculdade (Poetrix)
Cidade Rural -
até o esterco pra pisar
no mesmo lugar 

Sonhar Não Custa Nada (Poetrix)
O frio congela.
De quando em vez
sonho a lareira

Encardido (Poetrix)
Não chove há dias:
no ar deslavado, os muros
parecem mais “gris”

Gratidão (Poetrix)
O mar azul e verde
e um chopp gelado,
como não dizer: Obrigado!

Yellowtrix (Poetrix)
Borboleta amarela. Entre
as flores de aguapé
brinca de amarelinha.
 
Velho Micreiro (Poetrix)
Quem não
Se conecta...
Se deflecta.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Lógica de Árvore

traída
a amendoeira abatida
observa que
o cabo do machado
também é de madeira.

Coisa de Brejo

Fui criado ao estilo antiqualha
ao estilo da vara de marmelo
ao estilo dos Tarcitanos:

para namorar, noivar, casar

tudo bem, tudo lindo...
(coisa de brejo)
mas como todo sapo
gosto de dar meus pulinhos!

Eu te Quero

Eu te quero
desleal corrigenda ao reverso
te quero cedo
antes das cinco
de “chico”
quero-te
porque és delito.

Eu te quero
da minha maneira esdrúxula
te quero bem
te quero mal
te quero não importa como
e sexy e tal.

Eu te quero
por hábito
hálito
períneo
afeição
e te quero por mania
porque não há saída
e o perigo me faz sina.

Eu te quero
de letra
de bico
na trave
gemedeira
juro que te quero
por puro piti maroto
e por qualquer engodo.

Eu te quero
anti-sísmica
em outro tempo
fora do ar
te quero chuviscada
sem sinal
entregue aos gritos
de ver-te chorando na rama
os mililitros
das minhas glândulas.

Eu te quero
súdita
de programa
alugada
te quero sem dramas
sem taxas
sem cobrar minha tarifa
em amor
(na verdade, eu te quero mesmo
é fazendo um obséquio!).

Eu te quero
fêmea
sarna
infecta
te quero de vez em quando
(que sempre, me mata!)
te quero também porque
não valho nada.

Eu te quero
fora do ar
dos instrumentos
de tudo que flutua
e se fura
e te quero aos espasmos:
gemidos são rimas
no meu verso pleonasmo.

Eu te quero
como um bordão
um vício
um solstício
digo que te quero
como quem não quer
e querendo, não querendo
vou à noite alada
buscando-te na rua.

Sintetizando:
eu te quero
(se não me iludo)
e quero ver
que outro tolo
te quer tão desnudo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Estrelas

Brilhantes refletem 
No azul veludo
tão belas estrelas.

Na areia começam a chegar
As sombras da noite
Deito-me sobre elas.

Um a um
Vêm chegando
Poetas tantos
Que já nem sei
Se são as estrelas do céu urgentes
Ou estrelas-do-mar
Dos quatro cantos.



Flor Abatida




Por que estás
tão alquebrado
Assim, jasmim?

Que beija-flor
Desavisado
Sorveu teu néctar
no jardim?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Divã Inusitado

Escreva um livro bem acolchoado
Estofado
Suave ao tato
Brando.

Decore a capa
com peixinhos
novelos de lã
e ratinhos.

Se o conteúdo não agradar
Não se deprima
servirá de divã
para o seu gatinho.

Procura em Vão



Tal qual um livro
Manuseei teu corpo
À cata do teu amor:
Nada encontrei no índice.

Tô Dando Linha na Pipa

não, não precisa me convidar para entrar / o que eu tenho pra dizer dá pra falar daqui / em pé mesmo / e não me venhas com esse olhar de vira-lata / tô dando linha na pipa, entendeu? / eu vim de moto até aqui: / passei pela portaria sem porteiro / subi sete lances de escada / pra te falar que tô dando linha... / não vou levar nem um fio de cabelo / fica com estes móveis de vime empoeirados / com teus CDs arranhados / com teu jabuti cheio de vermes / eu não vou levar nada / nem esse cabide de pé ridículo e entulhado / cultura de fungos que entram pelo basculante / cheio das imundices desse teu bairro / eu não quero nada / muito menos este teu kitnet / essa cabeça de alfinete no sétimo andar / eu não vou carregar coisa nenhuma / fica com meu sexo excelso / meus delírios / e mais meus segredos confessos / quando ainda te julgava necessária / apenas achei que tinhas o direito / de estar ciente que nunca mais / verás meus olhos na tua direção / de preferência quando eu vazar / saindo fora / picando a mula pro mato / descendo aquela escada encardida / cri que era mister te alertar / não preciso de mais nada / só te avisar que esta foi a minha derradeira / tocada de campainha na tua porta / olhando este vazio ilimitado / e que certa vez chamamos lugar de delícias / não, não precisa me convidar para entrar / dá pra entender tudo que tenho a dizer / daí mesmo, parada, um dois de paus / apenas achei que tinhas o direito / de saber que não vou levar nada / nem aquele sexo louco / eu poderia exigir que você menstruasse / ele todo, gota a gota / de cócoras aqui mesmo / na falsa ribalta / mas todo aquele amor não vai / me fazer falta, inclusive / eu estou em cima da hora...perdão / o que eu tenho pra dizer dá pra falar daqui / na tripa / agora /"believe me" / tô dando linha na pipa.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Drumonitano

e agora Lutano?

a idade chegou
a cidade apagou
a poesia secou
tua mulher foi pra sogra
pro ninho da cobra
à franciscano
que você cutucou
será que pintou
algum fulano?

e agora Lutano?
vai como tantos
vai ser "fucking"
na vida

domingo, 20 de setembro de 2009

Memórias Póstumas de Lutano

Se eu ressuscitasse, minha vida,
A prestes,
Não seria tão politicamente correta
Acumularia mais defeitos
Entibiaria mais
Diria outros absurdos
Ainda dos que tenho dito
Mais pessoas
Não me considerariam a sério.

Leria menos os clássicos. Improvisaria mais os riscos
Cataria mais pedras
Contemplaria o fim do dia
Cantaria mais, catarrearia mais
Experimentaria amores quais nunca vi
Beberia mais vinho e menos leite Ninho
Teria preocupações de fato e não de fita.

Fui desses que nunca se apresentou
Com a blusa para fora das calças
Evidente que tive momentos de glória
Mas se eu ressuscitasse, minha vida,
Abraçaria apenas os bons dias afora
Deles é que se leva o bem da vida
Apenas os bons dias - e essa é a hora.

Era desses que sempre levava no bolso
Aspirina, gravata, talão de cheques e vaselina
Se eu ressuscitasse, minha vida, viajaria sem bolso
com a passagem só de ida.
Andaria mais sem camisa, orgulhoso da barriga
e permaneceria assim
Até não-sei-quem-diga.

Conversaria mais com a vizinhança
Tomaria mais banhos de chuva
e observaria mais as crianças
Se eu ressuscitasse, minha vida,
Mas, notem bem, agora,
Minha alma descansa.

Jaula

HHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHH
HHHHLUTANOHHHHH
HHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHH

Remela e Caviar

Meus versos não têm mister de hilário
Nem contam o amor em prosa
Trazem, sim, escondidas lágrimas
Trazem espinhos a toda rosa.

Meus versos não são ingênuos refrões
Silabadas, quadratins de beleza
Não passaram de ano com mérito
Não passarão de mundo-cão sem inquérito.

Nada além daquilo que o mendigo não reconheça
Nada mais do que o banqueiro não abasteça
É o hiper "versus" o hipo
Onde o silêncio desigual atua
É um nascido com a bunda pro chão
E o outro pra lua.

Meus versos são barrigas vazias
Lombrigas, enredos de carnaval
São desperdícios de narcisos e seus espelhos
São meninas embuchadas e abortadas prematuras
São pedintes malabaristas a cada sinal vermelho.

Há muita cola, dor e remela
Nas esquinas escuras
Há muito pó, champagne e pseudo-donzela
Nas coberturas.

Mas meus versos não alcançarão grande êxito
São vestígios de um fim de festa
Rompantes de poeta de meia-pataca
Meia-sola, mea-culpa
Curando sua ressaca.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amigo Não Tem Dia

Todo dia é dia
de alguma coisa
Há "amigos" que valem
apenas um dia no ano
Há anos que valem
por um dia de amigo
Mas amigos p’ra valer
Esses não têm dia
nem engano
Estão sempre ali
Como soldados de reserva
Guardados no quartel-general do peito
Porque compotas em conserva
Nunca deterioram
Cada qual a seu jeito.

Pipapel



E quando não me sobra mais verso
Ao que vejo simples sereno
Eu verso verso com verso
Eu verso simples com pleno.

E quando a tinta seca na pena
E fica só o caderno
Meu verso distraído
Não se acaba
Se empina, se debica
É uma pipa branca no eterno.